FILHOS & O PODER DA “FALA DO CORAÇÃO”.

Quando meu filho mais novo tinha dois anos (agora em 2015 faz 14!), eu e ele não estávamos nos entendendo. Ele é um leonino determinado e estava vivendo a fase do “Não”, isto é, de testar se os limites que dávamos eram mesmo limites. Estava fazendo sua parte – aprendendo.

Todos os dias, quando o pai dele ia para o trabalho cedinho, ele arrastava o seu cheirinho (um enorme e velho pijama meu de cetim vermelho) e vinha ficar um pouco na cama comigo, conversando, contando histórias. Aí eu fiz com ele o que eu chamo de “a fala do coração”. Foi mais ou menos assim:

– Filho, eu tenho achado que não estamos nos entendendo. Você não me entende e fica irritado, eu não lhe entendo às vezes e também fico irritada. Estamos brigando muito e isso está me preocupando.

Ele me olhava com o cheirinho sendo amassado entre os dois dedos e uma chupeta onde acima sobressaíam aqueles lindos olhos negros que ele tem.

– Sinto que não estou sendo uma boa mãe. Você me ensina a ser uma boa mãe?

Ele sentou-se bem animado, tirou a chupeta e o horrendo pijama para o lado, e com uma mãozinha puxou um lado da minha boca para cima e com a outra mãozinha puxou para cima o outro lado da boca, me forçando a um sorriso e disse nas suas palavras-que-só-os-pais-entendem:

– Claro que eu ensino. Boas mães são mamães felizes.

Voltou a colocar o bico e se aninhou no meu abraço, satisfeito que – finalmente – eu tinha perguntado.

O que ele queria dizer? Que eu não estava feliz. E era verdade: eu estava exausta, com dois filhos pequenos, reformando com um orçamento super apertado duas casinhas que tinha recentemente comprado, com dificuldades financeiras, trabalhando durante a semana e dando cursos no final de semana, sem contar os feitios dos Florais da Deusa. Eu estava usando 150% da minha energia, mas eu só tinha uns 50%. E, é claro, eu estava com o pavio mais do que curto – explodindo por qualquer bobagem.

Saí daquela cama impactada, liguei para minha secretária, mandei desmarcar os próximos quinze dias da minha agenda e fui com os meninos para um apartamento de praia que meu irmão tem em Ingleses, uma praia aqui no Norte de Florianópolis. E só descansamos e depois de muitas conversas, ao voltar instituímos o estado emocional “mãe monstro”, que é quando estou cansada demais e já vou avisando:

– Hoje a mãe está exausta, não tem muito para dar, então todos temos que nos juntar e fazer com que funcione.

Aí eles já sabem que a “mãe monstro” – gritando, pondo fogo pelas ventas, sem paciência – é uma possibilidade no horizonte.

Meus filhos me mandam pra cama quando estou muito cansada, se protesto, dizem:

– Daqui a pouco vem a Mãe Monstro, melhor você ir já pra cama.

E quando eles é que estão exaustos e irritados, sou em quem pontuo que está em ação o “filho monstro” e é preciso descansar.

Eu ensino a eles que não sou perfeita e que tenho limites; e eles aprendem que não são perfeitos e que têm limites.

Onde entrou aí a “Fala do Coração”?

Quando eu fui sincera com ele e disse basicamente, que não estava achando o jeito de educá-lo, de me relacionar com ele, que sentia que estava cometendo algum erro, mas não sabia qual era. E ele me sinalizou de um jeito que aprendi algo a meu respeito: minha irritação aparece quando estou muito cansada. Então, preciso cuidar de mim para poder cuidar dos outros. Preciso olhar para os meus limites, para expandir a minha capacidade de doar ao outro. E aprendi também que uma criança – mesmo tão pequena – traz sabedorias novas, que você pode não ter. Ao escutá-lo, ao pedir algo, ao mostrar sua abertura para ouvi-lo, a criança se sente valorizada, participante, bem vinda.

E quando você está o tempo todo brigando com seu filho ou filha, se está usando castigos, punições, retiradas de privilégios e a coisa só fica pior, está claro que é preciso mudar a estratégia. Não é “afrouxar”, nem  “se fazer de vítima”, não é tentar manipular a criança/adolescente, é falar na primeira pessoa, conectado com seu sentimento, com suas percepções mais profundas, de “peito aberto”.

Se você quer ajuda nisso, tem um livro bem especial que me ajudou muito: Disciplina Positiva, da psicóloga americana Jane Nelsen.

A Fala do Coração diz: você é importante; eu amo você acima de tudo; eu não sou perfeita/ perfeito e quero melhorar. Enfim, ela relembra o principal: o amor, o perdão, o acolhimento. E que os problemas nos relacionamentos passam, que as diferenças e feridas são curáveis e que o amor pode – e deve – ser preservado.

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